Este foi apenas, e infelizmente, o segundo livro que li de João Tordo. A outra leitura foi do livro O Bom Inverno que em nada se assemelha a este Ano Sabático. Ao contrário de Afonso Cruz, com João Tordo bastou a leitura das primeiras palavras para poder colocá-lo ao lado dos melhores autores contemporâneos portugueses.
A leitura deste livro revelou-se como uma experiência muito pessoal. Vários dos aspectos presentes nesta obra são autobiográficos e enquadrados com a experiência de vida real do autor. Exemplo disso é o facto de que no livro, a personagem principal, Hugo, ter uma irmã gémea e ter tido um terceiro gémeo que não conseguiu sobreviver ao pós-parto. Este é um acontecimento real que afectou João Tordo na sua infância. A esta relação com a vida real junta-se o facto de que ambos, João Tordo e a personagem Hugo tocarem o contrabaixo constituindo mais uma ligação entre a vida real e a ficção. A descrição dos sentimentos é muito pessoal e parece sair genuinamente do coração do autor de forma empírica e pessoal. Tenho lido em vários locais algumas opiniões de leitores que não conseguiram criar um laço com as personagens e com a obra devido exactamente a essa questão. Contudo, essa foi a principal razão pela qual eu me identifiquei com o livro porque de certa forma o autor dá-nos a possibilidade de conhecermos o interior dos seus pensamentos e aquilo que o atormentou e atormenta.
Esta história tem como protagonista Hugo, um tocador profissional de contrabaixo cujo sucesso e reconhecimento tarda em surgir. Alguns problemas pessoais ditaram com que Hugo decidisse fazer um ano sabático e voltasse para Portugal para junto da sua família. No entanto, a situação de Hugo e as decisões que foi tomando na sua vida apenas dificultaram o seu regresso a Portugal. Com alguns problemas de vida, Hugo parece ser incapaz de ultrapassar os obstáculos que surgem à sua frente e a sua condição deteriora-se a olhos vistos. Junta-se a isto um problema com a bebida que Hugo assume sem pudor. Todas estas dificuldades são complementadas com uma pessoa muito parecida consigo que surge na sua vida para o atormentar.
Essencialmente este é um livro acerca da música nos seus mais diversos estados e acerca dos seus significados. A forma como esta influencia a nossa vida e como, mesmo inconscientemente, nos guia e nos ajuda a ultrapassar, ou não, os problemas do nosso quotidiano. Os sentimentos que ela nos transmite estão patenteados nesta obra e vemo-la muitas vezes como causa de sofrimento aliado ao prazer que muitas vezes nos proporciona. Outro aspecto muito bem retratado pelo autor são os dois lados da vida de um artista - o artista bem sucedido e reconhecido e o artista underground que ainda assim tem muita qualidade como músico. O glamour que achamos existir neste mundo por vezes não se afigura assim tão glamoroso e a vida de estrela pode ainda assim revelar-se bastante solitária.
Uma ressalva para uma personagem secundária que surge pouquíssimas vezes mas que deixa qualquer leitor "derretido". O pequeno Mateus, sobrinho de Hugo que com as suas falas rápidas e infantilmente perspicazes complementa os diálogos de uma forma ingénua e propositada delineando um contorno acentuado entre dois mundos. Um barco-baixo, a irmã que se chama cataplana e o disco de seu nome Mateus Vai à Escola.
Em suma uma experiência muito agradável este novo livro de João Tordo. Não sendo uma obra prima, vale a pena a leitura para mergulharmos num mundo diferente que não estamos habituados a ver tratado.
Esta história tem como protagonista Hugo, um tocador profissional de contrabaixo cujo sucesso e reconhecimento tarda em surgir. Alguns problemas pessoais ditaram com que Hugo decidisse fazer um ano sabático e voltasse para Portugal para junto da sua família. No entanto, a situação de Hugo e as decisões que foi tomando na sua vida apenas dificultaram o seu regresso a Portugal. Com alguns problemas de vida, Hugo parece ser incapaz de ultrapassar os obstáculos que surgem à sua frente e a sua condição deteriora-se a olhos vistos. Junta-se a isto um problema com a bebida que Hugo assume sem pudor. Todas estas dificuldades são complementadas com uma pessoa muito parecida consigo que surge na sua vida para o atormentar.
Essencialmente este é um livro acerca da música nos seus mais diversos estados e acerca dos seus significados. A forma como esta influencia a nossa vida e como, mesmo inconscientemente, nos guia e nos ajuda a ultrapassar, ou não, os problemas do nosso quotidiano. Os sentimentos que ela nos transmite estão patenteados nesta obra e vemo-la muitas vezes como causa de sofrimento aliado ao prazer que muitas vezes nos proporciona. Outro aspecto muito bem retratado pelo autor são os dois lados da vida de um artista - o artista bem sucedido e reconhecido e o artista underground que ainda assim tem muita qualidade como músico. O glamour que achamos existir neste mundo por vezes não se afigura assim tão glamoroso e a vida de estrela pode ainda assim revelar-se bastante solitária.
Uma ressalva para uma personagem secundária que surge pouquíssimas vezes mas que deixa qualquer leitor "derretido". O pequeno Mateus, sobrinho de Hugo que com as suas falas rápidas e infantilmente perspicazes complementa os diálogos de uma forma ingénua e propositada delineando um contorno acentuado entre dois mundos. Um barco-baixo, a irmã que se chama cataplana e o disco de seu nome Mateus Vai à Escola.
Em suma uma experiência muito agradável este novo livro de João Tordo. Não sendo uma obra prima, vale a pena a leitura para mergulharmos num mundo diferente que não estamos habituados a ver tratado.
Não li este novo livro do João Tordo. Dele li apenas "As Três Vidas" e "O Bom Inverno". Posso estar errada e corro o risco de ser injusta, de não perceber nada destas coisas da literatura, mas não o colocaria no mesmo patamar de outros da sua geração. É um excelente contador de histórias, justiça lhe seja feita, mas ainda não percebi se será mais do que isso. De qualquer modo, numa próxima oportunidade, não vou deixar de ler... sobretudo depois de tão favorável opinião. :)
ResponderEliminarÉ uma questão de opinião cara Caetana e é por isso que gosto que os leitores comentem nos posts, passo a conhecê-los e a conhecer várias opiniões relativamente aos mais diversos temas :) Boas leituras!
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