sábado, 19 de maio de 2012

Última Saída para Brooklyn - Hubbert Selby Jr.

 Hubbert Selby Jr. foi um escritor Norte Americano cujas obras com características únicas o tornaram célebre no panorama literário internacional. Com obras cujo consenso relativamente à sua qualidade nunca fora atingido devido à irreverência e crueldade dos seus trabalhos. Alvo de censura, Selby Jr. manteve desde sempre o seu estilo rebelde aquando da transmissão das suas palavras e histórias. Tem como suas principais e mais conhecidas obras os livros Última Saída para Brooklyn (este que vos apresento) e Requiem For a Dream. Sem conhecer muito deste autor ou sendo sincero, sendo ele completamente desconhecido para mim, fui atraído por uma visualmente atraente edição da editora Antígona.
 O carácter "maiores de 18" deste livro começa desde logo pela capa. Com uma "bolinha" vermelha (símbolo característico dos filmes impróprios para serem visualizados por crianças) situada no canto superior direito do livro, esperamos desde o início uma linguagem e uma história pouco aconselhada para os mais sensíveis. Aqui vemos o lado mais negro dos meandros de Brooklyn. Um grupo de amigos constantemente bêbados frequentadores do bar de Alex. Levam a vida vivendo um dia de cada vez. Dia de cada vez esse passado entre bares, assaltos e bares ou encontros com prostitutas. Travestis que vêem uma oportunidade nesse tal grupo de rapazes rebeldes. Descrições pormenorizadas do que é o ambiente "underground"das ruas mais perigosas de Brooklyn. Ruas imundas manchadas por crimes, prostituição. Oportunistas. Gangues de mulheres e homens que utilizam armas pouco comuns para atingir os seus objectivos. Uma mulher de seu nome Tralala. No fundo, pessoas "originais" que não estamos habituados a ver nas esquinas por onde passamos todos os dias. Os anos 50 em Brooklyn onde a crueldade dos acontecimentos ali se desenvolvem são relatadas de forma irrepreensível por parte Selby Jr. Talvez não seja fácil atribuir um enorme valor literário a esta obra. Mas também, o que é isso de valor literário? A meu ver, uma obra tem valor literário se aquando da minha leitura eu me sinta satisfeito e acima de tudo, entretido enquanto leio. Por um livro, para além de tudo o que podemos ganhar com a sua leitura e que ganhamos definitivamente, é também uma forma de nos entretermos. O autor não poupa qualquer palavra ou sentimento. Não tenta resguardar este ou aquele leitor. Neste livro podem esperar uma escrita nua e crua. Uma escrita que verão em muito poucos livros ou talvez até em nenhum para além deste.
 Esta foi sem dúvida uma leitura diferente. Uma leitura fora daquilo a que estou habituado. Não querendo dizer com isto que foi mau. Pelo contrário. por vezes ler obras menos aclamadas pela crítica faz-nos querer ir à procura do que há lá fora. Do que há fora do nosso espectro de normalidade. Não sei se deva ou não recomendar uma obra deste tipo pois haverá certamente um sem número de pessoas que irão, e usarei uma palavra forte intencionalmente, repudiar a obra e a escrita do autor. No entanto, aos que não são facilmente impressionáveis, leiam isto. Leiam isto com a mente mais aberta possível e garanto que irão retirar daqui importantes ilações e experiências.
 Uma pequena nota ainda para a tradução de Paulo Faria que a meu ver, apesar de exagerar um pouco com as aglutinações de palavras para as tornar de certa forma num tom "brejeiro", consegue transmitir o carácter dos intervenientes da história de modo a que nós leitores entendamos a personalidade das personagens que lemos.




Sem comentários:

Enviar um comentário