sexta-feira, 8 de março de 2013

Opinião - O Espião Português de Nuno Nepomuceno


Soube deste livro após ter lido opiniões muito favoráveis em blogs que sigo com bastante atenção. Apesar de não conhecer o autor, decidi contactá-lo e tentar perceber se seria possível fazer uma parceria. Dotado de uma gentileza tremenda, o autor imediatamente se prontificou a enviar-me 2 exemplares do livro, um para passatempo (já sorteado, vencedor aqui) e outro para opinião. Para além disso, ambos os livros vinham devidamente autografados, um deles dirigido ao vencedor e outro dirigido a mim. Quero então agradecer a disponibilidade total do autor e agradecer também pela leitura de que vos falo de seguida.


Como alguns de vós sabem, não tenho por hábito ler policiais/thrillers mas essa tendência tem sofrido algumas alterações a partir do momento em que li O Diplomata de Vasco Ricardo (opinião aqui). Escusado será dizer que mais uma vez esse género literário me proporciona uma vez mais uma leitura de grande prazer e qualidade.
O Espião Português transporta-nos para dimensões que se alternam constantemente e que oferecem uma dinâmica e emoção incríveis à história. Neste livro somos acompanhados por André Marques-Smith, jovem Português também com nacionalidade Inglesa que desde cedo é visto como um prodígio pelos seus pares. Com um desempenho notável nos seus tempos de estudante, André Marques-Smith depressa se vê com um emprego de sonho bem remunerado como braço direito do Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE). No entanto, esta é a parte menos emocionante do enredo. Na sua vida dupla, André é espião e trabalha na equipa da Cadmo, uma pequena mas poderosa agência de espionagem que o leva a embarcar nas mais perigosas missões. Constantemente levado ao limite, André é exposto à prova não só física mas também psicologicamente sendo obrigado a conjugar a sua vida de espião com o seu trabalho no MNE e com a sua vida privada. André é muito próximo da sua família e essa proximidade deve-se a um facto bastante interessado: todos eles foram, são, ou serão espiões. No entanto, André nem sempre fora assim tão obstinado e uma relação amorosa por pouco não lhe destruiu a vida. Contudo, não só a traição da namorada constitui um obstáculo na vida deste lutador espião. Ao longo do livro vemo-lo confrontado constantemente com as traições das mais variadas personagens quando menos esperamos deixando qualquer leitor atento completamente incrédulo.

Ler este livro é uma autêntica montanha-russa. Nunca estamos à espera do que pode vir a seguir e cada passo é uma surpresa. Os ambientes são cuidadosamente criados para deixar o leitor devidamente enquadrado na história. As relações familiares atribuem um carácter mais humano ao livro e deixam de fora a possível classificação de "mais um livro fácil de acção e tiroteios". Porque engane-se o leitor que espera apenas isso. Neste livro não lemos acção gratuito mas sim planos cautelosamente construídos que nos fazem viver a história. A música é também um elemento constante do livro e o próprio autor disponibilizou a playlist que dá som ao livro na sua página do Facebook e na sua conta do Youtube.

De salientar também um (pequeno) aspecto negativo. O facto de a quase totalidade das personagens serem descritas como incrivelmente bem parecidas transmite uma espécie de sensação de uma sociedade isolada numa "bolha". Não é relevante nem essencial mas outra abordagem poderia tornar o livro mais familiar.

Em suma, uma grande estreia de Nuno Nepomuceno. O início desta trilogia deixa qualquer leitor de água na boca à espera do volume 2 e 3. A continuar assim e temos um autor com um futuro muito promissor que poderemos ver em breve nas estantes não só de Portugueses mas também no estrangeiro. Se quiserem conhecer melhor o autor, de seguida podem visualizar duas entrevistas dele para a SIC e TVI24:


4 comentários:

  1. Já tinha comentado numa entrada anterior, mas devo ter validado mal os códigos, uma vez que o comentário não aparece (a pressa, a pressa...). Era apenas uma curiosidade, que fica como espécie de Quiz. Este autor partilha um invulgar nome com uma grande figura da literatura. Querem arriscar? ;)

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  2. Bom dia Miguel
    Desde a adolescência que os policiais e trillers fazem parte da minha vida.
    Aliás, nessa altura pouco mais lia :).
    Hoje leio outro tipo de livros, gosto bastante de romances históricos, por exemplo, mas não deixo de apreciar um bom policial/triller.
    Portugal tem pouca tradição neste tipo de escrita, mas fico contente de ver que alguns dos novos autores seguem este caminho.
    Bom fim de semana :)

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    1. Boa tarde Ana :)

      Se tiver tempo e disposição para voltar à sua infância, dê uma vista de olhos neste livro e no que o autor tem para oferecer. Garanto-lhe algumas horas bem passadas.

      Boas leituras!

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