Este livro foi uma agradável surpresa e fez com que juntasse mais um nome à lista de autores a ter em atenção. Não conhecia o livro e obtive-o completamente ás cegas. O que motivou esta aquisição foi uma pequena frase de opinião de António Lobo Antunes na contracapa do livro. Joaquim Almeida Lima é um Lisboeta nascido no ano de 1959. Este é o primeiro livro deste Neurocirurgião publicado em 2007 pela editora Gradiva. Depois disso, Joaquim Lima publicou mais dois livros, um em 2009 e outro ainda neste ano de 2012.
Este livro é contado na perspectiva de Manel. Jovem estudante de letras que aspira um dia ser um escritor de sucesso. Influenciado pelo pai, Manel é no início um comunista convicto e apologista das ideologias de Marx. No entanto, essa convicção depressa se vê questionada quando em Fátima, Manel tem uma crise de fé e se deixa afectar grandemente pela imagem da Virgem que é carregada à sua frente, arrastando um mar de lágrimas, preces, lenços brancos e o seu lenço vermelho, tão igual a outros, tão diferente de todos. Confuso com esta alteração de planos em termos de ideologias, Manel vê-se obrigado a recorrer a especialistas de ambas as áreas de modo a decidir qual é de facto o seu caminho. Nessa jornada, Manel conhece o padre Zé, moderno e compreensivo prior que oferece a Manel uma simples e detalhada explicação acerca da sua crise de fé. No lado oposto, o pai de Manel apresenta-o a um rude e grosseiro comunista que não mais consegue do que fazer-lhe uma explicação predefinida e usada sobre o que é de facto a religião. Juntando a esta crise, a avó de Manel, mãe do seu pai, entra num estado grave de demência grave obrigando-a a ir viver para casa deles juntamente com o cego e moribundo cão.
Apesar de ser Ateu não rejeito ideais que se oponham aos meus quando bem fundamentados. E é exactamente isso que acontece nesta obra. Argumentos bem estruturados que expõem os possíveis benefícios e malefícios a igreja segunda diferentes tipos de pessoas, das mais velhas às mais jovens.
Recheado de humor e de uma caracterização dos suburbios muito bem caracterizada, Joaquim Almeida Lima oferece-nos uma escrita simples e livre que transforma a solidão e a tristeza que nele se vive num acontecimento natural que nos faz pensar.
Sem comentários:
Enviar um comentário