Este foi o primeiro Best Seller do autor vendendo vários milhões de cópias em todo o mundo e já adaptado ao mundo cinematográfico. Publicado em 2004 em Portugal, é um romance de 1987.
E é mais um livro de Murakami e mais um tiro certeiro do escritor Japonês. Parece haver uma formula infalível pela qual o autor se rege não havendo margem para erro. Várias relações amorosas. Instabilidades físicas e mentais. Personagens com características pouco comuns. Acontecimentos do sobrenatural. Morte. E música. Muita música. Não significa contudo que os seus romances sejam todos iguais ou que sigam todos a mesma linha de desenvolvimento. De facto, estão muito longe disso. Murakami é um mestre contador de histórias.
Neste livro temos como protagonista Toru Watanabe, um estudante universitário que reside num dormitório com uma personagem peculiar, de sua alcunha Sargento. Watanabe vê no romance de Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby, uma inspiração. Trabalhando em part-time em diversos empregos Watanabe ganha o suficiente para viver uma vida de estudante desafogada. Enlaçadas nesta história estão Naoko e Midori. Ambas com personalidades peculiares, estas complementam todo o enredo da história e é com este trio que convivemos durante as cerca de 350 páginas que constituem este romance. Naoko, ex-namorada do melhor amigo de Watanabe, Kizuki. Grande paixão de Watanabe mas que com a morte do seu namorado e amigo de infância interna-se numa instituição de recuperação para pacientes cujas características não estão bem definidas. Midori, colega de faculdade de Watanabe. Uma personagem sincera e excitante e muitas vezes "desbocada" que traz novas emoções ao protagonista. A toda a atmosfera de instabilidade emocional que assola o livro juntam-se os constantes movimentos estudantis característicos dos anos 60 onde o romance se passa.
Este é um livro bastante emocional que denota que desde o início Murakami tem uma habilidade tremenda para fazer sentir. Ele faz-nos sentir cada personagem, cada diálogo, cada passo.
Não tivesse gostado tanto do livro e as palavras que se seguem seriam bem mais duras. Fica então uma crítica para a editora que disponibilizou o livro, a Civilização. A impressão é mesmo muito pobre com vários parágrafos do livro com falta de tinta. Por momentos pensei que fosse apenas da minha edição mas verifiquei casos similares em diferentes exemplares do livro. Por uma valor mais alto do que 20€ esperaria-se um cuidado bastante maior do que aquele que se verifica. Para além disso fica uma última nota relacionada com a tradução. Habituado às edições da Casa das Letras habituei-me também às traduções da Maria João Lourenço que são impecáveis. No entanto, esta tradução de Alberto Gomes não me convenceu e por vezes pareceu-me não reconhecer Murakami nas páginas que lia.
Aguardo ainda o dia (esperemos que não chegue) em que este fenomenal escritor me desiluda. Ler livros é ter prazer e mais prazer do que aquele que Murakami me dá é impossível.
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