Termina assim a viagem ao mundo de Murakami nos 3 volumes de 1Q84. Ou será que não? Já ouvi, de várias fontes, que o autor se encontra neste momento em processo de escrita de mais um novo volume de 1Q84, não se sabendo se será o volume 0 ou o volume 4. Como sempre, ficaremos na incógnita até que o autor decida libertar tais informações. Mas vamos ao que interessa.
Ao terminar este livro é necessário respirar fundo e colocar as ideias em ordem. São mais de 1500 páginas divididas em 3 volumes que contra a minha vontade não foram lidos de seguida. Com o facto de o tempo de intervalo entre a leitura dos 3 volumes ter sido algo distante fiquei algo receoso de deixar algum pormenor importante da história perdido na reciclagem da memória. No entanto, durante este terceiro volume Murakami recorda a história ocorrida nos dois volumes anteriores.
Neste livro surge uma nova personagem que se junta a Aomame e Tengo como protagonista. Ushikawa é um excêntrico e estranho detective contratado pela seita religiosa Vanguarda para investigar Aomame e as suas acções contra o líder da seita. Nos capítulos onde Ushikawa é o protagonista (o autor alterna em cada capítulo a perspectiva de cada um dos personagens) o tom da escrita assume um estilo mais policial. Ushikawa possui técnicas apuradas de investigação e mostra-se um hábil espião ao seguir pormenorizadamente os passos de Tengo Kawana. A sua aparência peculiar apesar de causar estranheza naqueles que Ushikawa aborda não o afastam dos seus objectivos.
Enquanto isso, Tengo e Aomame continuam em busca um do outro com o toque das suas mãos aos 10 anos na memória. Aomame, enclausurada num apartamento sozinha à espera que Tengo, absorto nos pensamentos acerca da saúde do seu pai e acerca de Aomame, surja no local onde se vêem duas luas.
Este é o mais romântico dos 3 volumes. É onde o romance entre Aomame e Tengo está mais presente. É onde a linguagem é mais ligeira e muitas das situações fluem numa atmosfera perfumada. Não significa no entanto que este facto retire qualidade ao romance. Murakami é sensível e essa é uma característica conhecida pelos seus leitores, entre outras.
São 3 volumes de desencontros, crime, amor, com o habitual toque de surrealismo característico do autor. A luta entre o bem e o mal onde as fronteiras entre ambos são ténues e a definição acerca de onde se encontram os personagens dentro desses dois campos são por vezes indefinidas.
Aconselho a todo e qualquer leitor a leitura desta obra. É ambiciosa. É notável. Vale a pena.
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