quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Esta Tristeza que me Habita de Mário Rufino

Opinião
O título deste livro retrata de forma perfeita o seu conteúdo. É um livro que emana uma tristeza profunda. Um livro de sentimentos intensos e devoradores. Com apenas 100 páginas compostas por 4 contos este livro foi uma boa surpresa. 

O primeiro conto tem o nome de "O Mendigo" e fala de um homem que descobre um mendigo à porta de uma livraria que lhe vai dirigindo estranhas palavras. À medida que vai completando as leituras que adquiriu na livraria o homem percebe que as palavras do mendigo se referiam aos livros que ele ia comprando. Com uma linguagem simples este conto surpreende com um final original.

O segundo conto chama-se "O Pastor" e é dos quatro o conto mais triste deste livro que aborda questões pertinentes da sociedade actual como a fome, a pobreza e o desemprego. Neste conto lemos a história de um pastor que vive para sustentar a sua família. A sua mulher, a filha desempregada e as outras duas filhas pequenas. O desespero assola a família que muito tenta para conseguir a sobrevivência mas nada parece resultar. Mudar de casa. Mudar de emprego. Não desistir. São ideias lançadas neste conto que nos deixa a pensar e me fazem elegê-lo como o meu preferido deste livro.

O terceiro conto tem como nome "O Morto". Desta feita, apesar de ter como tema a morte com a suposta tristeza que esta acarreta, este é um conto que pende mais para o lado do humor. Trata de um marido morto que à primeira vista parece ter morrido sem nada ter deixado para a sua fiel esposa. Esta, irritada, tece fortes insultos ao seu marido culpando-o pela sua miséria e gosto pela "má vida". No final deste conto nota-se algo de paranormal no destino de uma das personages que traz alguma originalidade ao conto.

Por fim, o quarto e último conto chama-se "Azahar". O tema são as memórias. As memórias da mente, as memórias da fotografia. A dança. A vida. É um conto introspectivo com um sabor a poesia acentuado. É o mais ligeiro dos quatro. Contém melodia.

Em suma, boa experiência este livro de Mário Rufino. Leve, mas ao mesmo tempo pesado.

4 comentários:

  1. Ainda não li este livro do Mário Rufino, li-lhe apenas o último "O fim da inocência e outros contos", editado em formato e-book. Também lhe leio, sempre que posso, as muito técnicas e úteis críticas literárias. Mas, mais importante que isso tudo, leio no Mário a sinopse de uma boa pessoa. Um dia destes, fazia muito gosto em apertar-lhe a mão.

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    1. Arranjando tempo lerei também esse livro do qual me fala. Sigo também o blog do Mário com muita atenção ao que escreve e ao trocar algumas palavras com ele, apenas via Wbooks, leio a mesma sinopse que o caro Carriço. Quem sabe se não serão três pares de mãos apertadas.

      Boas leituras :)

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  2. Cristina Ferreira Da Silva9 de janeiro de 2013 às 18:51

    Mário, passa também para EBook, seria maravilhoso...

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